Jerry N. Uelsmann - Fotografia Surrealista

É difícil identificar a dimensão da arte fotográfica de Jerry Uelsmann, porém, por qualquer lado que olhemos, independente de nossas ideias preconcebidas sobre fotografia, está claro que esse fotógrafo norte-americano, nascido em Detroit, é um gênio. Até seus mais duros e históricos críticos já perceberam e aceitam que Uelsmann é uma lenda, e fez escola na fotografia. O surrealismo de suas fotos se distingue há décadas pela complexidade e inventividade poética. Os efeitos extraordinários que o autor tira de suas composições, tidas no início como mera colagem, são hoje copiados, estudados, clonados e admirados no mundo inteiro.

Hilton Kramer, um dos mais célebres críticos vivos de arte, autor de vários livros (“Abstraction And Empathy”, “Abstract Expressionism”, “Triumph Of Modernism”, etc.), escreveu sobre Uelsmann em 1975: “ele possui total domínio técnico… perfeita confiança… com inspiradas energias da imaginação”. Lembrando que na década de 70 a fotografia digital era coisa de cientista, ou acadêmico, ou louco, e tudo se produzia nos laboratórios escuros e solitários do fotógrafo, sem ajuda de softwares, ou programação ou de qualquer outra “entidade” tecno-digital.

Uelsmann iniciou os estudos em fotografia no Rochester Institute of Technology, passando pela Universidade de Indiana, em 1958, onde tirou seu mestrado em Belas Artes, ocasião em que foi aluno de outra lenda da fotografia, Henry Holmes Smith (1909-1986). Suas primeiras fotos foram publicadas na revista Popular Photography’s, em 1957. Em 67 recebeu uma bolsa da Fundação Guggenheim para explorar as possibilidades da combinação de negativos. Daí para frente sua arte explodiu, e logo foi reconhecido como um dos mais importantes fotógrafos do modernismo. Seu trabalho está presente em galerias como a George Eastman House, no National Museum Modern Art (Kyoto, Japão), na Australia National Gallery, etc.

Autor de vários livros e monografias, como “Uelsmann Yosemite” (1996), “Other Realities” (2005), dentre outros, em 2010 a expectativa fica por conta do lançamento da obra “The Mind’s Eye by Jerry Uelsmann”, uma edição limitada dos seus 50 anos de fotografia, incluindo 150 imagens de várias coleções espalhadas em museus e coleções particulares. O fotógrafo lecionou durante muitos anos na Universidade da Flórida e só se aposentou recentemente.

O trabalho de Uelsmann tem como núcleo a ideia
de que uma imagem fotográfica não precisa estar
necessariamente amarrada a um único “negativo”, podendo ser ela resultado da composição de vários deles (Uelsmann chegou a usar mais de uma dezena na mesma imagem). Com isso a fotografia se desgarra da realidade e segue rumo ao imaginário do artista, buscando, no caso de Uelsmann, o fantástico, o inesperado, o surreal, o misterioso, o lírico, a ambivalência, a onipresença. Hoje, com os recursos digitais, muitos fazem o que esse gênio fazia há décadas, quando passava horas, dias, dentro de uma câmara escura.

Serão postadas, aqui no blog, algumas fotos do J. Uelsmann. Esta é a 1º parte (Early):














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